levante

textos sem sentido e outros

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

o tempo desvela-se quando fica vazio

Hoje, tal como no domingo das laranjas, não queria estar em Coimbra. Talvez ao pé do mar, respirando a maresia do fim de tarde. Mas não há tempo que a distância consiga contornar, não há tempo que não nos engula a todos como um Chronos voraz. E do outro lado dos sonhos surge a almofada de Kairos - não ser perceptível, falar com o silêncio, escapar ao ciclo interminável, recuperar a pele como quem mastiga as horas putrefactas de dias vazios. E do fundo dos sonhos matar de vez a saudade que nunca existiu, o lixo que se acumula na retórica de todas as imagens, de todos os segredos que ficam sempre por contar.
Mentir quando digo que vivo "porque todos os seres que respiram vivem".
Até amanhã.