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textos sem sentido e outros

segunda-feira, julho 16, 2007

os livros

O jcb passou-me a bola, logo a mim que sou desleixado em relação aos jogos de equipa bloguísticos. Mas é uma modalidade de que gosto e vou fintar com cinco obras que por diversas razões me passaram pelas mãos no último ano, lidas ou relidas, mas que não são necessariamente “os livros da minha vida”:
1) Ludwig Wittgenstein: The Duty of Genius, de Ray Monk. É provavelmente a melhor biografia do filósofo austríaco, capaz de acompanhar simultaneamente a sua vida e o seu pensamento, num diálogo riquíssimo mas sem roçar aquela espécie de mitificação que por vezes esquece que os filósofos também são homens.
2) Directa, de Nuno Bragança. Do ponto de vista da experimentação da linguagem é menos inventivo do que A Noite e o Riso, mas as imagens pungentes e carnais estão lá. À primeira vista anda à volta do Estado Novo e de uma certa resistência, mas o tema mais subtil e incontornável é o Tempo. (Há um diálogo delicioso sobre Vila Real de Santo António.)
3) O Passo da Floresta, de Ernst Jünger. Poderia ser um ensaio datado pelo pós-guerra, mas não é. Nota-se que há ainda uma certa tensão e uma certa desconfiança em relação ao mundo (que são próprias de Jünger…), mas a metáfora do Titanic e da Floresta, representando um cepticismo fértil, tem talhado de forma marcante a minha “visão do mundo”. Uma passagem muito nietzscheana: “Ai daquele que recolhe desertos: ai daquele que não traz em si, e mesmo que seja apenas numa das suas células, a substância original, que garante sempre, uma vez mais, a fertilidade.” (Na última leitura descobri que é também um pequeno grande livro sobre o medo, as infiltrações do medo.)
4) Pena Capital, de Mário Cesariny e O Livro do Desassosego, de Fernando Pessoa. Um pela frescura, outro pela amplitude: um 2 em 1 a que volto sempre que as palavras me começam a secar.
5) Doutor Pasavento, de Enrique Vila-Matas. Há livros que nos caem nas mãos como se respondessem a uma pergunta. Perguntei: “existirá a pulsão do desaparecimento?” E o livro caiu-me nas mãos.
E passo a bola ao Mendonça, ao Pedro, ao Pathé, à mj e à Susaninha.

1 Comments:

  • At 2:04 da tarde, Blogger Susana said…

    Obrigada pelo convite, Nélio! Vou tentar responder o mais depressa possível... Aproveito para te desejar uma boa viagem. Está quase, não? E, já sabes: "como preciso desta viagem!"

     

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