levante

textos sem sentido e outros

sábado, fevereiro 10, 2007

as conversas infinitas

Tenho à frente dos olhos a epígrafe do Ensaio sobre a Cegueira: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."
E a memória, que é uma excelente jogadora, distribui sobre o tabuleiro as peças de uma conversa inacabada, provavelmente infinita. Começara numa madrugada ébria, no primeiro dos cinco lances das escadas monumentais de Coimbra. Havia pessoas desfocadas e um portátil que sem porquês tocava jazz, como se rompesse a ordem natural do mundo.
Nunca cheguei a perceber quanto dessa conversa foi real, imaginária ou simplesmente etílica. Talvez tivesse um pouco de tudo, de tudo aquilo que por vezes cintila numa fulguração de sentido. O importante é que continuemos a reparar.