levante

textos sem sentido e outros

terça-feira, setembro 19, 2006

"na patagónia"

Perguntaram-me pelo Verão e pelas viagens que sempre lhe foram próprias, ao Verão e a mim.
Ao princípio respondi que "nada, não consegui passar da Serra de Monchique", mas depois reparei que mentia. Na verdade fui até à Patagónia, que fica ali entre Alvor e o Estreito de Magalhães. Na companhia de Bruce Chatwin, autor de um clássico da literatura de viagens, percorri uma das terras mais seguras em caso de um incidente nuclear em grande escala. E Chatwin sabe que as viagens são um conhecimento de si próprio pelo confronto com as dificuldades físicas e humanas - do presente, do passado e do futuro. Conheci personagens enigmáticas e perturbadas, bandidos famosos, marinheiros errantes, fascistas e comunistas, ouvi falar de unicórnios e outros animais raros, produtos mistos de ciência e imaginação. Como tudo naquelas terras remotas, onde as origens se perdem entre os mitos e a distância geográfica.
Lugar de exílios e expiações, como o de um tal Walter que trauteia árias alemãs e a quem se atribui a invenção e supervisão dos fornos crematórios ambulantes. Lugar de errância e de limites, tem tudo para ser um dos meus destinos de eleição. Só não gostei do vento constante que nos entra pelos ouvidos e chocalha tudo o que entre eles existe. Mas, enfim, não existem viagens perfeitas.

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