levante

textos sem sentido e outros

terça-feira, julho 04, 2006

estática

Vejo Sete Palmos de Terra sozinho porque não estou em Coimbra. Por isso não tenho com quem partilhar a lenta melancolia que se desprende dos últimos episódios e que parece encaminhar as personagens para uma espécie de abismo.
Há cada vez mais mortos a pairar por entre os vivos, mortos que pesam e aliviam, mortos que marcam a ausência, mortos que são a morte a dizer "existo!" e que, suponho, provocarão a vida até que esta se veja obrigada a renovar-se, a renovar-se constantemente.
Um dos mortos dizia à irmã viva que é preciso deixar de ouvir a estática, ou seja, que devemos imaginar que a vida dos homens está rodeada de ondas de rádio e electricidade estática, sendo que esta última depressa se torna insuportável; e por isso torna-se necessário encontrar as frequências certas, aquelas que nos fazem rodear de algum equilíbrio. É uma boa imagem.