levante

textos sem sentido e outros

domingo, fevereiro 26, 2006

agostinho

Na sexta-feira houve uma conferência sobre Agostinho da Silva na Biblioteca Municipal de Portimão. Como ruído de fundo, julgo, um festival de hip-hop no Auditório Municipal, mesmo ali ao lado.
Mas dentro da Biblioteca o silêncio era solene e as pessoas eram atentas.
O conferencista, Paulo Borges, começou pelo "exílio" de Agostinho em Portimão, não se sabe muito bem se na Praia da Rocha se em Ferragudo. "Há que juntar esforços para esclarecer a situação e colocar uma placa comemorativa."
Pelo meio, um esclarecimento das principais linhas de pensamento do filósofo-pedagogo; que as tem, as linhas, mesmo se polémicas e enclausuradas numa dimensão mística e teológica que me causam alguma urticária.
Para terminar, o inesperado e inaudito, como fica bem nos eventos culturais: um pomposo neto de Teixeira-Gomes levanta-se e confessa ter sido aluno do Agostinho, pessoa atenciosa e preocupada com o bem-estar dos outros, que lhe ensinara a ler os livros de seu avô. "E desculpem, deixo o meu cartão mas tenho que ir para Lisboa... Claro que estou interessado em colaborar numa colectânea de depoimentos de antigos alunos do mestre"; que o foi, um mestre na acepção mais complexa da palavra: um mestre da união do pensamento com a vida, da alma com o corpo, da união de tudo aquilo que o homem, ao longo dos séculos e desde que começou a caçar para comer (sic), tem vindo a separar. E foi sobretudo isso que me ficou: essa ideia de um reunião do homem com a natureza, numa espécie de espinosismo saudável e equilibrado.