levante

textos sem sentido e outros

sexta-feira, setembro 30, 2005

segunda-feira, lisboa

De preferência, entra-se na cidade por uma ponte. O terminal dos comboios desemboca numa avenida. Do lado esquerdo do passeio há uma feira que parece ter parado no tempo; as marcas de ruína fazem parte da decadência do lugar e seduzem os espíritos melancólicos. Apetece deambular, mas a fome aperta. Caminha-se de olhos no ar, como todos os olhos que se sentem estranhos. Um louco denuncia os forasteiros: “É por ali! É por ali!” E de facto era por ali. São horas de almoço. Anda-se, normalmente cumpre-se as ordens dos semáforos. Os olhares não precisam de se tocar, está-se numa grande cidade, local onde as pessoas sabem perfeitamente a função que têm de cumprir. Sozinhas. Está-se na grande cidade que atrai Portugal como um íman. Está-se por dentro do movimento aparente de haver um sentido nas ruas que sobem e descem as colinas em direcção ao Tejo. Mas não há sentido. Anda-se, cumpre-se a vida onde se promete que a vida pode ser melhor.

3 Comments:

  • At 1:40 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

     
  • At 1:41 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

     
  • At 12:32 da manhã, Blogger nrc said…

    Sei que fui injusto e que Lisboa não são só as grandes avenidas onde os funcionários passeiam. Vê lá que até gosto da cidade! Não consigo é deixar de sentir uma certa estranheza e um certo desconforto... ou talvez a injustiça de lisboa ser a cidade para onde tudo conflui.
    Espero por alfama
    abraço!

     

Enviar um comentário

<< Home