coimbra
A despedida de Coimbra foi algo atabalhoada, com beijos e abraços rápidos, sem tempo para olhar para trás, sem saudades e lamechices excessivas.
O problema foi a viagem. Walter Benjamin não é das melhores coisas para quem se quer afastar da melancolia, não é decididamente das melhores leituras para quem deixa uma cidade por tempo indeterminado.
As imagens começaram a avolumar-se, as ruas começaram a entrar-me nas veias, as ruas de pedras e passos, de seios e solidão, de cerveja e distância, de dias e dias perdidos (ou achados) no lento desfiar do tempo. De repente, a lembrança do absurdo que é acordar todos os dias com vontade de mijar só porque o corpo diz que é isso que temos de fazer. E ainda assim o absurdo de haver amigos por quem vale a pena fazer alguns quilómetros. O absurdo de haver casas, projectos e ideias, fios de sentido com que tecemos o manto que nos cobre a cabeça. O absurdo de escolher o que somos em cada escolha que somos obrigados a fazer.
Mas felizmente vem o cansaço e conseguimos voltar a dormir, mesmo numa viagem sem regresso.
2 Comments:
At 1:48 da manhã, Anónimo said…
Não acredito nessa quebra entre o passado e o futuro.Vais voltar,nunca há um sem regresso.
Felicidades colega e amigo Nélio.
Um abração...Joao!!!!!!!!!
At 10:34 da tarde, nrc said…
Talvez regresse, João, talvez nunca parta definitivamente, mas neste momento não consigo deixar de pensar no corte com o passado. Talvez até arrumar melhor o futuro, que neste momento permanece algo incerto.
Abraço
Nélio
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