levante

textos sem sentido e outros

terça-feira, agosto 03, 2004

síndrome de estocolmo ou não?

O "síndrome de Estocolmo" classifica os casos em que vítimas de rapto desenvolvem uma empatia e uma afecção para com os raptores. Diz-se "de Estocolmo" pois refere-se ao assalto de um banco ocorrido em Estocolmo no ano de 1973. Nesse assalto foram feitos quatro reféns durante seis dias, os quais viriam a resistir ao salvamento, recusando-se a testemunhar contra os raptores e entregando-lhes dinheiro para a sua defesa. No dia da libertação um fotógrafo terá registado um beijo entre uma refém e um raptor, e fala-se até de uma relação amorosa entre ambos.
A partir daí o "síndrome de Estocolmo" tem servido para classificar os mais variados casos, alargando-se quer a outros tipos de cativeiro, quer a situações de violência, nomeadamente a doméstica.

Ela, moça vulnerável aos impulsos do levante mediterrânico, diz que nas últimas semanas o síndrome passou a ter mais um campo de aplicação: o dos viajantes que não se conhecem e são obrigados a conviver por alguns dias, passando por locais novos, enfrentando situações de incerteza, receio ou alegria.
Acho que não se deveria alargar o síndrome a tal campo, e talvez fosse melhor criar o "síndrome do viajante melancólico". Mas enfim, talvez sejamos todos raptores uns dos outros, fechando-nos reiteradamente nas palavras que dizemos e nas que ficam por dizer, segurando-nos na pele quente que envolve os gestos, embrulhando-nos nos olhares que deixamos por aí como um sol perdido (à espera, à espera, à espera...