levante

textos sem sentido e outros

domingo, janeiro 04, 2004

Ponto de situação

Dei uma volta pelos meus arquivos e penso que esta coisa do blogue até tem sido positiva. Continuo a ter um certo orgulho pelo ínfimo número de visitas que o meu contador regista. Prefiro aprender antes de me achar com capacidade de trazer algo de novo a este mundo, e nem sempre a ânsia é amiga dos bons caminhos. Também não fui capaz de corrigir a irregularidade e a grandeza dos posts. Se têm ou não qualidade neste meio tão espartilhado, bem, isso é questão com que não me quero preocupar. Falhei no objectivo de continuar uma vertente meta-bloguística, falhei na crítica das actualidades, falhei nos diálogos, discussões e picardias, falhei, salvo raras excepções, na troca de ideias. Contudo, não nego, não posso negar que este espaço (sem espaço, insisto) seja também um meio de comunicação em larga escala, onde a bem ou a mal circulam ideias, opiniões, lições e rostos invisíveis. Mesmo sendo um mau blogonauta fico contente por ver tanta gente empenhada nisto, gente interessante e interessada, gente que é uma outra imagem deste país por vezes demasiado envergonhado e vicioso. Também há coisas más, mas dessas não me apetece falar.
Pessoalmente, este "mesmo ar que alguém me levou a respirar" também foi positivo porque me ajudou e obrigou a escrever com mais regularidade. Tem sido, portanto, um bom exercício de escrita, e começo a aperceber-me de que o hábito faz, pelo menos, a fluidez. Originalidade, qualidade e riqueza são coisas que não sei se as minhas palavras escritas algum dia terão.
Por tudo isto o Levante tem-se tornado algo egoísta, limitando-se muitas vezes a ser um mero jogo de palavras em que me ponho a mim próprio numa teia de dissimulações. Mas esta dissimulação da subjectividade, a forma como cada um se deixa transparecer ou se faz ocultar no blogue que cria é, de certa forma, a singularidade de todos nós, os nossos medos e aspirações a respirar sob a crosta de verniz que uns chamam de ilusão e outros de sentido.
Portanto, e para seguir nesta linha, irei dar início a uma espécie de diário que comecei a escrever por terras escandinavas. Será mais um jogo, para mim, para os poucos ou muitos que o quiserem jogar.