levante

textos sem sentido e outros

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Nortada

A cozinha.
A porta e a janela viradas para sul. O sol que roda lentamente e flutua sobre a mesa inundada de papéis.
O terreno que o meu bisavô comprou aqui, na periferia da cidade, há mais de 40 anos, é agora uma ilha de verde (e amarelo da erva-azeda, e cinzento prata das oliveiras, e branco rosado das amendoeiras) no meio da expansão urbanística.
Um grupo de miúdos vai para a escola. Devem ter aulas às 16h. Passam por um prédio em construção que, pela altura da grua, deverá atingir os seis andares. É pouco.
O miúdo da bicicleta aproveita o declive feito pelas máquinas e dá um pequeno salto; volta atrás e volta a saltar. Os companheiros seguem a pé.
o bater do martelo nos taipais ecoa pela ilha verde
volta atrás (salto) aplausos e gritos
volta atrás a grua guincha e ecoa salto
a grua a ilha o cimento o verde o cheiro da terra lavrada
o vento é norte e frio (no outro lado da casa)
empurra-me para fora azul O mar