levante

textos sem sentido e outros

sexta-feira, março 18, 2005

olhar

Pelo olhar das pessoas descobria o vento que passava pelos choupos que circundam a cidade embalada pelo rio, pensava ele enquando subia a rua. Era levante sem dúvida, o olhar era brilhante, os corpos gritavam exaltados pela humidade, voavam na vertigem do ar.
As ondas e o mar (lá longe) ressoavam como um canto de sereia. Em breve, pensava.
Há muitos anos, haviam-lhe dito que quando crescesse podia abrir muito os braços e abraçar o mundo. Entretanto descobriu que lhe mentiam. E por isso nem sempre sorri, e por isso as palavras são a dissonância da morte, e por isso, agora e sempre, anseia pelos dias em que olha nos olhos das pessoas e descobre o vento que julga correr-lhe pelas veias, assim lentamente, como um rasgo de vida.