levante

textos sem sentido e outros

domingo, setembro 26, 2004

um adeus algarvio

E assim somos nós, sempre a chegar: como se na franja dos nossos olhos, onde só parece haver retinas de objectos retalhados, não houvesse ainda e sempre o renovar das noites tranquilas, o aconchego de um corpo quente - que duram pouco, como tudo o que pouco dura.
O problema é o quando, é o porquê, são as memórias que rodopiam à volta de um mastro de volúpia sensorial. E assim somos nós, sempre a querer de novo o novo, sempre a matar a morte, sempre a viver a vida. Com rostos de luz e olhos de céu, com mãos em torno dos membros e palavras a acariciar a pele.
E apetece-me por vezes, por não saber a quem falar, apetece-me por vezes estar calado e engolir palavras, digerir os receios, dar a este estômago frágil o alimento indegesto que turva de sonhos a lucidez do espírito(-santos são os deuses que caem dos céus e chegam à terra como todos nós e se tornam homens e sangram e morrem).
E assim sou eu, confesso. Ainda ontem cheguei a esta terra de mar e cheiro de mar, ferindo de azul a solidão, e já amanhã, de novo, chegarei a outra terra, onde os silêncios se escondem nas serras de verde escondido.
Ou talvez assim sejamos, sempre a partir.

terça-feira, setembro 14, 2004

a desordem

Há tempos havia desenvolvido a questão do turismo, das suas hipotéticas relações com a cultura e os modos de ser-no-mundo das sociedades contemporâneas, mas um qualquer problema no blogger impossibilitou a sua publicação. Fiquei lixado! E depois afastamo-nos, afastei-me dos ventos do sul. Aqui do centro pouco há a dizer. Nem sequer calor ou areia, nada de peles turvadas pelo sal, apenas alguns bons amigos que abrandam a solidão. Coimbra é um ciclo, e durante esta semana começam a chegar os novo membros da máquina do ensino superior (máquina pouco oleada mas que ainda vai dando para alimentar algumas bocas esfomeadas, que procuram não se sabe que alimento, não se sabe que futuro). Perdoem-me o constante fatalismo, mas hoje já vi demasiados super-doutores-morcegos-a-exibir-a-sua-magnanimidade-perante-os-caloiros. Avante Portugal, país de praxes e patetas!
De novo, só mesmo alguma desordem, surgida no meio de alguma coisa.